quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM



A paz de Cristo para todos.


No tempo de Jesus havia uma mentalidade de que toda enfermidade física era reflexo e conseqüência de uma enfermidade moral.

Entre todas as doenças, a lepra era considerada pelos judeus a que tornava o homem mais impuro, porque, o destruindo em sua integridade e vitalidade física, era, por excelência, sinal do pecado e da sua gravidade. Por isto, a lepra nunca é vista apenas do ponto de visto médico, mas de caráter religioso. De fato, o leproso era um isolado. Este isolamento visava a preservar “a santidade do povo de Deus”. A lepra, sinal do pecado, colocava o homem fora da comunidade, fazia dele um “excomungado”.

Assim, as curas da lepra, narradas nos Evangelhos tornam-se símbolo da libertação do pecado, sinal e prova do poder de Deus. A cura operada por Jesus representa algo mais do que simples libertação de uma moléstia e readmissão no seio da comunidade. Ele se torna partícipe da situação do leproso, tocando-o com a mão; de certo modo, contrai sua impureza... Neste gesto, Jesus se mostra como aquele que “carregou sobre si nossos sofrimentos”; contraiu o mal que desagrega as forças vivas do homem, e assim nos curou na raiz do nosso ser.

Vale lembrar que a celebração do sacramento da Penitência é o encontro com Jesus, que cura da lepra do pecado e reintroduz na comunidade eclesial. O relato do Evangelho se desenrola de um modo quase litúrgico e não é difícil situar, nos gesto do leproso e nos de Jesus, um evidente simbolismo penitencial.

Infelizmente, ainda existe a lepra em nossa sociedade. Ela tem a mesma face desumana. Mas não podemos pensar só na lepra. Há muito banidos em nossa sociedade, pessoas marginalizadas e mantidas “fora do acampamento”, isto é, fora de uma sociedade onde se decide por eles, mas sem considerá-los. Os leprosos de hoje são os que vivem nos barracos das favelas das cidades ricas e opulentas, são os fracassados, os desempregados, os jovens drogados, as vítimas da sociedade do consumo, as crianças especiais que muitas vezes se tornam um peso para a sociedade, aos anciãos sem esperança de vida, os encarcerados, etc.

A ação da caridade da Igreja pode e deve abraçar todos os homens e suas necessidades. Onde quer que falte o bem estar e a dignidade do homem, aí deve estar a caridade cristã de ir buscar e oferecer auxílio. Esta obrigação se impõe antes de tudo aos homens e povos que vivem na prosperidade. Este é talvez o grande testemunho que o mundo de hoje espera da Igreja Católica e dos cristãos.

Vamos ver como a liturgia da Palavra nos ajuda a refletir este tema: Na primeira leitura (Lv 13, 1-2, 44-46) se mostra que a lepra não é considerada do ponto de vista sanitário, ou seja, ligado a medicina, mas religioso ou cultual. A exclusão do leproso da comunidade equivalia à excomunhão e o fato de não poder ser readmitido depois da cura sem um sacrifício de expiação, demonstra que a lepra era vista como sinal de pecado. Por isso o salmo (31) vai dizer: “feliz um homem que foi perdoado e cuja falta foi encoberta” (v. 1). De fato, aquele que é curado de sua lepra, para além da enfermidade é também perdoado de seus pecados. Já a segunda leitura (1Cor 10, 31-11,1) continua a desenvolver o tema da liberdade, equilibrada pela caridade. Paulo trata desse tema falando das carnes imoladas aos ídolos e distingue dois aspectos: o cristão não pode comê-las numa ceia sagrada, mas se são compradas no mercado, comportem-se com liberdade, procurando somente não ofender a consciência dos outros. Numa palavra, busque-se sempre a glória de Deus e o bem dos irmãos, a exemplo de Paulo, que procurou imitar à Cristo. No Evangelho (Mc 1, 40-45) se há uma grande ligação com a primeira leitura porque aqui temos Jesus como o grande salvador da humanidade contra o mal. Ao curar o leproso ele não só cura o corpo daquele homem, mas o dar a dignidade de filho de Deus que a doença e o preconceito tinha tirado. Peçamos ao Senhor que cure também todas as nossas enfermidades.

A quaresma está se aproximando... Prepara teu coração para viver este santo retiro que a Igreja nos propõe.

Deus te abençoe. Um grande abraço a todos!!!




Pe. José Aércio dos Santos Oliveira
Administrador Paroquial

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